alumbramentos

6.13.2005

"somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter"

"Adivinha quem é?"
Mãos de criança mal fecham seus olhos grandes. Sorri.
E Ana abriu os olhos.
O quarto estava vazio. Onde tinha ido parar a irmã a uma hora dessas?
Pantufas de coelho rosa no pé da cama, tentou calçá-las: pequenas demais?
- Pantufas e sapatos de plástico dão chulé! - logo alguém as jogaria fora, agora se lembrava.
Descalça mesmo então.
Não morava naquele apartamento pra sempre - tinha algum futuro distante também.
O chão sujo na sola dos pés, ruído de carpete de madeira descolando - todo som se ouvia.
Ela não parecia estar ali. Irmã?
Correndo ao seu encontro um cachorrinho caramelo cheirava leite bebê, todos tinham mesmo envelhecido.
- Cadê?
O cachorrinho tinha escondido a irmã, trapinho de pano azul e rosa, dentro da sua casinha??!!!
-Vamos!
Corria e batia a cabeça na parede escorregando. Bater a cabeça na parede com certeza existe.
Aqui não está.
A porta do banheiro rangendo: saiu de dentro muito arrumada.
(Não) era uma provocação, mas iria embora de qualquer jeito.
Quem quer vir?
Nenhum objeto se mexeu.
O cachorrinho só se fosse no colo.
A porta do banheiro rangeu entreabrindo: em cima da cadeirinha de madeira e fórmica- ponta dos pés - pra poder alcançar o olhar no espelho.
Batom vermelho de moranguinho borrou o rosto todo, passava a mão pra tirar, espalhando.
- Brincar de princesa irmã?
Queria.
Ficou pra sempre mais bonita.