alumbramentos

5.23.2005

see you soon

Ana abriu os olhos e não estava em casa. A noite anterior não tinha terminado ainda. Nem se sentia igual, nem isso era estranho porque já havia construído aquele espaço muitas vezes em imaginação.
Estava emaranhada nos cabelos dele. Como pode ter esquecido de sentir o cheiro?
Como eram os cabelos dele? Essas coisas que não se diz...
Podia estar todo tempo no cuidado e na carícia dos fios, mas não era necessário, os pensamentos é que estavam embaraçados.
Se ela fosse assim outra pessoa, gostaria dela?
Estava muito emaranhada nos cabelos dele e não se sentia sufocada, porque era macio.
Uma trama espiralada de vontade e contra-vontade.
A ponta do barbante que deveria estar amarrado na sua cintura, estava equivocadamente presa no coração - que estúpida tinha nascido - toda vez que a outra ponta tensionava o fio, denunciando uma saída do labirinto, seu peito apertava e doía.
Se ele também abrisse os olhos ela teria que ir embora - cheios d'água.
Queria demorar ali um pouco mais antes de começar a viver de novo.