alumbramentos

5.16.2005

inverno

Ana abriu os olhos, ainda bem que lá fora não havia silêncio absoluto, os pensamentos ecoavam insistentes apenas no espaço pequeno e grande da sua caixa craniana.
A sua imagem no espelho não era bonita como no sonho. O rosto estava inchado e o corpo era magro ou gordo? Os corpos são mais bonitos em movimento e quando se tocam. Era por isso então que ela sentia tanto frio?
Longas horas se arrumando cuidavam que alguma graça pudesse surgir ao longo do dia, surpreendente aos olhos de alguém.
Havia uma lista de esforços diários a serem cumpridos.
Ficaria exposta na vitrine da rua, era de gosto aquele jeito de se arrumar(?), queria muito que alguém comprasse.
Como era mesmo aquele música que falava sobre isso?
Se tudo é natural por que dói tanto?

O menino no sonho tinha muitos rostos, melhor apagar todos? Trazia alguma coisa nas mãos e as próprias mãos, uma esfera brilhante e frágil, núcleo duro de um coração, qualquer?
Mãe, isso passa? E não sabia se era capaz de acreditar na resposta. Voz macia a de mãe
Gostaria de estar pensando em outra coisa quando se lembrou:"há algo que jamais se esclareceu, onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei..."